quinta-feira, 1 de março de 2012

Exactamente assim:

Um dia tu vais estar sozinho, vais fechar os olhos e tudo estará negro. Os números de tua agenda passarão claramente à tua frente, e tu não terás nenhum para ligar. A tua boca vai tentar chamar alguém mas não há alguém solidário o bastante para sair a correr e te dar um abraço, nem te colocar no colo ou acariciar os teus cabelos até que o mundo pare de girar. Nessa fracção de segundos, quando os teus pés se perderem no chão tu vais lembrar-te da minha ternura e do meu sorriso infantil. Virão súbitas memórias gostosas dos meus abraços e beijos, da minha preocupação contigo, e só vão estar algumas músicas a repetir no teu rádio: as nossas! E num novo momento tu vais sentir um aperto, uma pausa na respiração e vais torcer bem forte para ter nosso mundinho delicioso de novo, o nome disso é saudade, aquilo que eu tinha tanto e te dizia sempre. E quando tu finalmente ligares  para o meu número, ele estará ocupado demais, ou nem será mais o mesmo, ou até eu nem queira mais  atender-te. E se tu bateres na minha porta ela estará muito trancada, se aberta, mostrará uma casa vazia. Os teu olhos vão ensinar-te o que são lágrimas, aquelas que eu te disse que ardiam tanto. O nome do enjoo que tu vais sentir é arrependimento , e a falta de fome que virá a chama-se tristeza. Então, quando os dias passarem e eu não te ligar, quando nada de bom te acontecer e ninguém te olhar com os meus olhos encantados, tu encontrarás a famosa solidão. A partir daí o que acontecerá chama-se surpresa, e provavelmente o remédio para toda essa sensações acima: é o tal tempo que tu tanto falavas!