terça-feira, 10 de abril de 2012

"E deixava a vida fluir, esquecia-me dos teus defeitos e tu dos meus e com o tempo aprenderíamos a viver um com o outro sem nos cansarmos, sem nos magoarmos, sem sombras nem equívocos. Se eu pudesse, levava-te agora para casa, sentavámo-nos a lareira a conversar explicava-te porque é que um dia reparei que existias e sem querer me esqueci do meu coração entre os teus dedos. Se eu pudesse...mas não posso, porque ninguém caminha sozinho, uma ponte só se constrói se as duas margens deixarem e o rio só corre se a corrente o empurrar. E eu não sou mais que uma gota de água nesse rio parado, uma peça perdida de uma ponte desmantelada, um mapa riscado que se esqueceu de todos os caminhos, uma folha em branco que perdeu a caneta, um estandarte sem bandeira, uma voz sem som, uma mão sem a outra. Falta-me a tua voz, o teu desejo, o teu querer, o teu poder. Falta-me uma parte de mim que te dei e que agora já não podes devolver. Um dia havemos de nos entender."
Combinamos que não era amor. Escapou ali um abraço no meio do escuro. Mas aquilo ali foi sono, não sei o que foi aquilo. Foi a inércia do amor que está no ar mas não necessariamente dentro de nós. E fomos ao cinema, coisa que namorados fazem. Mas amigos fazem também, não? Somos amigos. Escapou ali um beijo na orelha e uma mão que quis aquecer a outra. (..)  Aí teve aquela cena também. De quando eu fui te dizer xau só com a manta branca e o cabelo todo bagunçado. E tu olhas-te do elevador e  perguntas-te: não me tou a esquecer de nada? E eu quis gritar: tás, tás esquecer-te de mim. E tu depois perguntas-te: não tem nada meu aí? E eu quis gritar: tem, tem eu. Eu sempre fui tua. Eu já era tua antes mesmo de saber que tu um dia não ias querer-me.

domingo, 8 de abril de 2012

“Não foi planejado, nem premeditado. Foi só um querer estar perto e cuidar, tomar todas as dores e lágrimas como se fossem as minhas. A vontade e o desejo vieram depois, bem depois. Não foi uma coisa de corpo, foi uma coisa de alma. Não foi o jeito de escrever, ou de vestir. Foram as palavras. Uma saudade e uma urgência daquilo que nunca se teve, mas era como se já tivesse tido antes. Foi amor. É amor."
Se tu estiveres ocupado demais para me ligar, eu vou entender. Se tu não tiveres tempo para me mandar mensagens, eu vou entender. Se tu tiveres a fazer alguma coisa mais importante e não me puderes ver, eu vou entender. Se tu fingires que não queres saber dos meus sentimentos e continuares a ignoras-me, eu vou entender. Se tu continuares a desperdiçar o teu tempo de vida com coisas fúteis, eu vou entender. Mas se eu parar de te procurar, aí é a tua vez de me entender.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Eu amei-te muito. Nunca disse, como tu também não disseste, mas acho que tu sabias. Pena que as grandes e as cucas confusas não saibam amar. Pena também que temos vergonha de dizer, não devíamos ter vergonha do que é bonito. Penso sempre que um dia nós vamos nos encontrar, e que então tudo vai ser mais claro, que não vai mais haver medo nem coisas falsas. Há uma quantidade de coisas minhas que tu não sabes, e que precisarias saber para compreender todas as vezes que fugi de ti e voltei e tornei a fugir. São coisas difíceis de serem contadas, mais difíceis talvez de serem compreendidas — se um dia a gente se encontrar de novo, em amor, eu vou dizê-las, caso contrário não será preciso. Essas coisas não pedem resposta nem ressonância alguma em ti: eu só queria que tu soubesses do muito amor e ternura que eu tinha — e tenho — pra ti. Acho que é bom a gente saber que existe deste jeito em alguém, como tu existes em mim.